NRF 2022


Postado por Ótica Revista
Por Denis Santini – Sócio do Grupo MD

Uma coisa que eu sempre aprendo com o americano é a sua objetividade. Então, no primeiro dia da gelada NRF, o maior evento de varejo do mundo que aconteceu em janeiro agora em Nova York, trago aqui – de forma bem americana – a minha visão de aprendizado, que estou levando para os nossos parceiros e clientes.

Se eu fosse resumir o primeiro dia da NRF em uma frase seria “2022 deve ser o ano que você e sua marca devem criar ou consolidar sua identidade digital. Se esperar 2023, estará atrasado…”

A geração Z, que são aqueles nascidos entre a segunda metade dos anos 1990 e o início do ano 2010, já é quase 40% da população mundial. São jovens que respiram omnichanel desde quase sempre – só lembrar que o iPhone nasceu quando eles tinham 12 anos ou menos. E são esses jovens adultos que afirmam que em 97% dos casos tomam suas decisões baseados nas redes sociais. E mais um dado: mais de 30% já compraram usando realidade aumentada.

 E, diante desse público e dessa realidade, novamente vem a pergunta: e as lojas físicas? De modo geral, elas são parte do processo, suportam o “lastmile” (processo de entrega).

 Ainda segundo a ótima palestra da Kate Ancktill, futurista de negócios e CEO da GDR, que ajuda grandes empresas a inovarem, mais de 62% de quem tem entre 13 e 39 anos se interessa e compra através de social media e acha sites de e-commerce “boring”.

Kate Ancketill – CEO & Founder da GDR
1/3 da população no mundo

Nesse sentido, também se falou do metaverso, que traz a experiência de compra on-line para outro nível. Zara, Hyundai e Nikeland são algumas marcas que já estão usando esse novo mundo para falar com seus consumidores. E entre as menos conhecidas tem a RTFKT, que em sete minutos vendeu US$ 3,1 milhões em tênis no seu mundo virtual de tênis.

Uma frase que a Kate Ancktill trouxe, atribuída a Andrew Ku, CEO da ADA, mais uma nova gigante do mundo virtual coreana: “esses jovens estão gastando mais no mundo virtual do que no mundo real em produtos de moda”!

Tudo isso impulsionado por produtos socialmente responsáveis, qualidade de vida, comunidades e o m-commerce, cada vez mais personalizado.

Outro ponto alto do primeiro dia da NRF foi a palestra da Emma Chiu, que lidera a Wunderman Thompson Intelligence, o think-tank interno de futuros e inovação da agência. Ela falou de algo que foi bastante abordado no último WebSummit, que cada vez mais os dados, usados de forma correta e com profundidade, estão nos direcionando para tomadas de decisão. Segunda pesquisa trazida por ela, 76% da população global acredita que suas atividades diárias dependem de tecnologia, e 64% de suas atividades sociais idem. É só pensar em como você agenda suas saídas

e happy hour com seus amigos hoje.

Dito isso, entramos – ou melhor, já estamos – no  metaverso, que na minha interpretação do conceito trazido por ela seria como a extensão da nossa vida impulsionada pela tecnologia.

Ainda mais dados: 85% dos consumidores acreditam que as empresas precisam ter uma presença digital para ter sucesso no fururo, e afirmam ter mais relacionamento com as marcas que estão fortes no digital.

Só que Emma Chiu trouxe um conceito interessante sobre posses, uma excelente reflexão, falando sobre como no passado éramos “apegados” a bens materiais e isso mudou com as novas gerações, que focam menos em “ter” carros, casas, coisas caras, trocando pela jornada, pela experiência por viagens. Dão pouco valor para bens tangíveis, e aí veio esse mundo digital onde o valor de posse está sendo transferido para bens digitais e até NFTs de experiências únicas…  (NFT é a sigla em inglês para tokens não fungíveis – ativos digitais que não podem ser substituídos ou replicados)

Objetivamente, volto ao começo deste texto: como está sua identidade digital? 2022 deve ser o ano que você e sua marca devem cria ou consolidar sua identidade digital. Se esperar 2023, estará atrasado…

O segundo dia de palestras na NRF, o maior evento de varejo do mundo que aconteceu em Nova York, me trouxe mais uma reflexão, que deve permear todos os negócios, principalmente de franquia e varejo: foco em aumento de volume. Parece simples e óbvio falar em aumentar as vendas, né? Mas em um momento em que tudo tem que diminuir – o tempo de entrega, a margem e o atrito que existe para o consumidor se relacionar com a marca -, o aumento do volume de vendas faz todo sentido.

Joel Mitch, fundador da Six Pixels, empresa de consultoria, investimento e produção de conteúdo focada em marcas, comércio, comunidade e o que vem a seguir, afirmou que grandes mudanças acontecem, principalmente, em pequenas coisas. Ele trouxe uma ótima reflexão: temos que levar os consumidores a comprar. A experiência, sim, é importante, mas precisa gerar venda! Essa experiência começa no celular, passa pelo

computador e faz o consumidor retirar a compra em uma loja mais próxima. Tudo junto para ficar mais rápido, e ainda acrescenta serviços. Para quê? Para aumentar o valor da venda.

Segundo John Mitchel, cerca de 20% das vendas da Apple, que já ultrapassou o trilhão de dólares em valor de mercado, foram de serviços: US$ 58 bilhões. Comunidade, compaixão com a sociedade, o seu time gera venda. “Little things change games. A Apple está investindo em serviço de saúde. O Walmart, em seguro para pets. E por aí vai. Serviços são as novas experiências”, afirma John Michel. 

E claro que teve mais metaverso no segundo dia da NRF, mas eu quis olhar com o viés de vendas desta vez. A ótima palestra da Cassandra Napoli, estrategista sênior da WGSN, consultoria de tendências, trouxe o metaverso com diferentes e incríveis olhares, deixando claro que o metaverso está aí, mas não de um único jeito. Cada perfil

deve ter uma forma de interagir. E para cada situação, você deve interagir de uma forma diferente. Ela trouxe até o exemplo de uma senhora de cem anos visitando uma Capela Sistina pela realidade aumentada. Cassandra trouxe o uso de metaverso de diversas formas. Para o mundo corporativo, deu vários exemplos: teleconferências, avatar, interação 3D. Para educação, realidade aumentada e real time já são um fato, aspectos que conseguem deixar a aula muito mais atrativa. E na vida social, experiências com shows, NFTs e interações. Simulações incríveis em saúde com realidade aumentada.

Mas como entrar nesse universo do metaverso?

Via videogame já é um fato, via Fortnite e Roblox são alguns exemplos. Tem experiências da Gucci dentro do

Roblox, com bolsa vendida no virtual. Tem a Nikeland, Ralph Lauren. As marcas de luxo entraram forte nesse mercado. O Tik Tok vai fazer NFT de seus vídeos para gerar valor e venda, todos estão se movimentando.

Nesse universo, seu avatar tem que ter o seu jeitinho e, olha só, a sua roupa virtual não causa dano ao meio ambiente (ou quase não) uma das grandes preocupações da geração Z. Logo a gente estará usando a expressão “D2A” – direto de um avatar. O avatar terá a identidade muito forte. O metaverso pode ser uma oportunidade incrível para hoje. #fica a dica: Entenda como cada geração enxerga e interage com o metaverso, monitore o uso e busque oportunidades de atender expectativas e porque não, gerar vendas no universo paralelo.

Hoje o dia foi de foco em venda e o ano é de foco em venda.

Terceiro e último dia do maior evento de varejo do mundo. A NRF está mais vazia do que nunca, mas com os insights e reflexões de sempre. Hoje, venho com uma provocação, pois inspirado por Lee Peterson, da WD Partners, que tem mais de 30 anos de experiência em varejo e estratégia, estamos vivendo uma SUPERNOVA.

Supernova é uma explosão que dá origem a várias estrelas e, por que não, universos. No varejo, estamos vivendo uma explosão de oportunidades. O varejo, as franquias

passaram por uma explosão. Hoje, além do ponto de venda físico, a gente tem o social selling, live streaming, mobile, e-commerce, dark store, pop up, show rooms e, agora, o metaverso, com muitos outros modelos de venda.

Essa explosão aconteceu também nas nossas vidas pessoais e, claro, dos nossos funcionários e consumidores. Entender essa explosão e as oportunidades que ela traz me deixou em êxtase hoje. Não é 100% novo, mas a gente precisa se adaptar. Tem muita coisa a toda hora, e a palavra de ordem é adaptação. É importante se adaptar com agilidade.

Um dos exemplos dessas oportunidades é o “work from home”, abordado por Lee Peterson. Segundo dados da

WD, 100% dos entrevistados da pesquisa que a WD fez não vão voltar a trabalhar no escritório cinco dias na semana. Com isso, vem uma mudança de hábito. As pessoas estão em casa e estão migrando para duas supernovas do varejo: o e-commerce e o comércio local. Então, todo mundo precisa pensar localmente.

Se eu fosse fazer um grande resumo do que vi hoje, o mundo sofreu uma grande explosão de oportunidades. A

NRF reforçou a presença da geração Z como consumidora e ditando as regras, e só crescendo, e o metaverso, que foi a vedete. Para mim, essa estrela ainda é uma incógnita, mas pode se tornar a grande estrela dessa explosão.

No curto prazo, o que fica é o “get local”, ficar próximo do seu consumidor, que está em casa.

Finalizo aqui como uma obsessão minha, da MD. A gente não fala mais em online e off-line. A gente fala em “on life”. A gente precisa estar “on” na vida das pessoas, colaboradores e consumidores – e eles estão em casa. E para isso, o varejo precisa estar “on”. Você está “on”?