Doença autoimune que derruba todo o cabelo fez paciente achar que estava ficando cega. Entenda.
A especialista em marketing digital, W. O. já tinha se acostumado com a ideia da perda total do cabelo, cílios e sobrancelhas causada pela alopecia universal, uma doença autoimune que não tem causa bem definida e atinge 2% da população brasileira. Pode ser desencadeada por um trauma, alta carga de stress, doenças dermatológicas ou herança genética. No caso de W. O. a suspeita recai sobre forte trauma que sofreu durante um assalto. Solteira, estava mais preocupada em cuidar da mãe de 80 anos e com o trabalho. Por isso, encarou o trauma como mais um stress entre tantos outros e não buscou tratamento psicológico. Depois de um tempo o cabelo caía aos montes, aumentando a pressão sobre a saúde emocional. A alopecia também piorou a visão a ponto dela achar que ia ficar cega. “Comecei a ter grande dificuldade de dirigir e trabalhar no computador que depois da pandemia substituiu muitas das reuniões presencias com empresários”. Foi quando chegou ao consultório do oftalmologista Leoncio Queiroz Neto, do Instituto Penido Burnier. “Nunca recebi atendimento tão perfeito de um médico”, comenta.
Diagnóstico
Queiroz Neto afirma que o diagnóstico da paciente incluiu exame minucioso da córnea por correr o risco de ter alguma lesão pela falta dos cílios. Isso porque, explica, os cílios funcionam como uma barreira que protege os olhos de todo tipo de partículas e microrganismo suspenso no ar. A falta deles pode causar cicatrizes na córnea e olho seco severo.
O oftalmologista ressalta que o diagnóstico padrão de olho seco no consultório é realizado com uma câmera teleguiada por um software que examina todas camadas da lágrima – aquosa, lipídica e de muco, além das glândulas lacrimais localizadas nas bordas das pálpebras que produzem a camada aquosa e as glândulas responsáveis pela produção da camada oleosa da lágrima
No caso de W.O. a camada aquosa da lágrima também sofria influência da menopausa precoce que reduz sua produção com a queda dos hormônios sexuais, pontua. Para piorar, como todo paciente acometido por alopecia, ela tinha passado por tratamento com corticoide oral que agrava a fotofobia, um dos sintomas da síndrome do olho seco. Por sorte, a córnea não apresentou cicatrizes embora W. O. estivesse com apenas 20% da visão.
Tratamento
O diagnóstico apontou olho seco severo. O tratamento imediato foi iniciado com colírio e seguido de aplicações de luz pulsada que desobstruem as glândulas de meibômio que produzem a camada lipídica da lágrima e evitam a evaporação da camada aquosa. Queiroz Neto afirma que a síndrome do olho seco não tem cura. Precisa de acompanhamento periódico. Ainda assim W.O. está muito feliz porque voltou a enxergar e a luz pulsada até estimulou o crescimento dos cílios. Outra doença sistêmica que pode desencadear olho seco é o diabetes. Hoje a maior causa da deficiência da lágrima é o uso compulsivo do computador. A dica é piscar voluntariamente enquanto usa as telas digitais e olhar para um ponto distante a cada 20 minutos. Se ainda assim você continuar tendo sensação de areia nos olhos, vermelhidão, fotofobia e visão embaçada está na hora de consultar um oftalmologista pra preservar sua visão.
Fonte: LDC Comunicação – Eutrópia Turazzi